sábado, 16 de abril de 2011

Dinheiro demais e títulos de menos

O futebol é uma caixinha de surpresas, diria o jornalista Benjamim Wright. A célebre frase tem tamanha relevância talvez porque só no futebol o time mais fraco consiga vencer o mais forte. No vôlei, no basquete e na Fórmula 1 isso quase não acontece.
Mas no futebol, mais que nos outros esportes, não adianta você montar uma seleção do mundo, com craques pinçados das melhores equipes do mundo e achar que vai dar liga.
Na última década, a enxurrada de dólares apareceu na primeira versão dos galácticos de Florentino Perez no Real Madrid. Mesmo com Figo, Zidane, Ronaldo, Raúl e Beckham, os blancos foram engolidos pelo Barcelona de Ronaldinho gaúcho e companhia.
Mudando de país, mas com o mesmo expediente, o Chelsea de Roman Abramovich gastou caminhões de dinheiro vindo das privatizações pouco aconselháveis na antiga União Soviética. Mas nem por isso o Chelsea conseguiu conquistar a Europa, o grande sonho de seu mecenas russo, inclusive perdendo um pouco de sua característica proletária, como relato no livro Como o futebol explica o Mundo, de Franklin Foer. O Chelsea de hoje é uma grande seleção mundial, com jogadores espanhóis, russos, sérvios, brasileiros, franceses. O mais próximo que chegou foi à final da Liga dos Campeões na temporada 2008/2009, caindo nos pênaltis para o Manchester United de Giggs e Cristiano Ronaldo.
O último time que atacou o mercado da bola de forma contundente foi o Manchester City. O primo pobre de Manchester, sob a varinha mágica da família real dos Emirados Árabes, contratou quem quis até hoje. Tevez, Robinho, David Silva, Dzeko, Adebayor, Balotelli, mas, da mesma forma, não ganhou nada. E pelo jeito também não vai ganhar. A temporada 2011 só deu uma última chance aos citizens na Copa da Inglaterra. Mas esse jogo é contra seu maior rival, o United, pelas semif-finais. Nos últimos confrontos entre os times de Londres quem levou a melhor foram os vermelhos.
Futebol, o santo esporte criado pelos deuses e posto em prática Charles Miller, não deixa que a varinha mágica atue. Times montados no papel quase sempre não dão certo nos gramados. Futebol é dentro de campo, com muito trabalho e dedicação, não com uma enxurrada de dólares, euros e libras.

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