quinta-feira, 15 de abril de 2010

Metendo a mão no bolso



Orçamento salta de 430 milhões para mais de 2,6 bilhões de euros

* Publicado no Jornal Extra! da Unesp/Bauru

Se há um fator que supera as expectativas em relação à Copa da África do Sul é o custo das obras. No lançamento da candidatura, o Comitê Organizador havia previsto gastos totais em torno 430 milhões de euros. Orçamento publicado em julho de 2009, mais próximo às necessidades de ações em infra-estrutura, transporte público, tecnologia da informação e segurança, beirava os 2,6 milhões de euros.
Segundo Fábio Kadow, do Portal Terra, a projeção inicial era muito baixa: “Se aqui a média dos projetos para os estádios, fora todo o gasto com infra-estrutura, segurança e transporte, é de R$500 milhões por arena, e sabemos que pode e deve aumentar, fica claro ser impossível fazer uma Copa com 430 milhões de euros”.
O argumento adotado pelos organizadores para a diferença orçamentária é o aumento dos custos nos materiais de infra-estrutura, na crise econômica e no acréscimo da remuneração aos funcionários, devido à seguidas greves.
Dos 10 estádios que receberão jogos na Copa, cinco estão sendo reformados. A opção por reformas em estádios antigos sofre críticas. Na opinião de Kadow, o que fazem os dirigentes são apenas ações pontuais: “Ficam colocando band-aids em buraco de bazuca, gastando em ações paliativas, apenas para momentos específicos, como no caso do Pan-07. A reforma pode ser uma solução, desde que, depois de uma análise, seja bem executada”.
Apesar de todo o gasto até os dias de hoje, segundo a jornalista brasileira Marta Reis, residente em Johanesburgo, o transporte público da cidade que vai receber 20% dos jogos da Copa permanece caótico: “A cidade mal tem linhas de ônibus. Metrô então, nem pensar”.
O Mundial na África do Sul tem tudo para ser marcante, mas os gastos podem fazer com que o povo local se lembre da Copa ainda por mais tempo, pagando a conta deixada pelo evento. Cabe ao Brasil aprender com os erros e não repeti-los em 2014.

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